domingo, 11 de outubro de 2009

Coluna Arte: Paulo Victor Gomes - Às flores rebeldes

“Senhor - recomeçou com ar solene -, a pobreza não é um vício, evidentemente!

[...] Mas a indigência, a indigência é um vício.”

(Crime e Castigo – Dostoiévski)

Lágrimas pesadas prostram-me sobre o solo,

Não sou menos homem por sentir tal dor.

Conceitos retrógrados, com fervor, degolo,

Ao me assumir sensível, ao sentir amor!

Não é só uma pessoa que, agora, me faz triste,

Mas sim, uma condição da máquina social,

Um anacronismo funesto que resiste:

A concepção machista de moral.

Tu, mulher, és vítima de um pensamento vencido

Pelo brado valente da emancipação!

Porém, nosso povo persiste adormecido

Nos tempos passados da recusa à razão.

Revolta-te ó gênero forte,

Mostra tua cara a este país.

Evita, com mãos próprias, tua morte.

Tu queres e podes ser feliz!

Assumir tua independência é só o que imploro,

Pois esse sistema jaz moribundo.

Não é só perante ti que choro,

Mas frente toda injustiça do mundo.

Levanta-te e marcha junto a tua classe!

Arrebente as correntes que ferem teus pés.

Infeliz seria se lhe bastasse

O nada que tevês, o pouco que tens.