“Senhor - recomeçou com ar solene -, a pobreza não é um vício, evidentemente!
[...] Mas a indigência, a indigência é um vício.”
(Crime e Castigo – Dostoiévski)
Lágrimas pesadas prostram-me sobre o solo,
Não sou menos homem por sentir tal dor.
Conceitos retrógrados, com fervor, degolo,
Ao me assumir sensível, ao sentir amor!
Não é só uma pessoa que, agora, me faz triste,
Mas sim, uma condição da máquina social,
Um anacronismo funesto que resiste:
A concepção machista de moral.
Tu, mulher, és vítima de um pensamento vencido
Pelo brado valente da emancipação!
Porém, nosso povo persiste adormecido
Nos tempos passados da recusa à razão.
Revolta-te ó gênero forte,
Mostra tua cara a este país.
Evita, com mãos próprias, tua morte.
Tu queres e podes ser feliz!
Assumir tua independência é só o que imploro,
Pois esse sistema jaz moribundo.
Não é só perante ti que choro,
Mas frente toda injustiça do mundo.
Levanta-te e marcha junto a tua classe!
Arrebente as correntes que ferem teus pés.
Infeliz seria se lhe bastasse
O nada que tevês, o pouco que tens.