domingo, 11 de outubro de 2009

Coluna Arte: Paulo Victor Gomes - Às flores rebeldes

“Senhor - recomeçou com ar solene -, a pobreza não é um vício, evidentemente!

[...] Mas a indigência, a indigência é um vício.”

(Crime e Castigo – Dostoiévski)

Lágrimas pesadas prostram-me sobre o solo,

Não sou menos homem por sentir tal dor.

Conceitos retrógrados, com fervor, degolo,

Ao me assumir sensível, ao sentir amor!

Não é só uma pessoa que, agora, me faz triste,

Mas sim, uma condição da máquina social,

Um anacronismo funesto que resiste:

A concepção machista de moral.

Tu, mulher, és vítima de um pensamento vencido

Pelo brado valente da emancipação!

Porém, nosso povo persiste adormecido

Nos tempos passados da recusa à razão.

Revolta-te ó gênero forte,

Mostra tua cara a este país.

Evita, com mãos próprias, tua morte.

Tu queres e podes ser feliz!

Assumir tua independência é só o que imploro,

Pois esse sistema jaz moribundo.

Não é só perante ti que choro,

Mas frente toda injustiça do mundo.

Levanta-te e marcha junto a tua classe!

Arrebente as correntes que ferem teus pés.

Infeliz seria se lhe bastasse

O nada que tevês, o pouco que tens.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Nasce uma nova central sindical: a CTB-GO



As transformações sociais, ao longo da história, foram movidas por reais confrontos políticos entre classes sociais dominantes e dominadas. Se o povo explorado se contentasse com a situação de hegemonia do explorador, ainda viveríamos em impérios escravistas. “A história da civilização humana tem sido, até hoje, a história da luta de classes”. Foi com essa frase que Marx e Engels descreveram a importância dos embates entre os grupos antagônicos.

Com o advento do capitalismo, a disputa passou a ser entre aqueles que detêm o poder econômico, grandes concentradores de renda, e os trabalhadores do campo e das cidades. Mega-empresários, latifundiários e banqueiros mantêm o domínio sobre a classe trabalhadora, subjugando-a e impondo sobre ela uma situação de miséria. Nada interessa a não ser o lucro e a concentração de bens materiais. O único direito concedido ao povo foi o de se manter vivo para ser explorado.

Ora, mas o que gera riqueza se não o trabalho? O que nos torna humanos, se não nossa capacidade de criação e produção? É o trabalho que identifica o homem como tal e promove o desenvolvimento da civilização. Portanto, a classe trabalhadora merece não só o ônus, mas também o bônus pelo estágio avançado em que se encontra nossa sociedade. Não é justo que aqueles que produzem o bem-estar social não tenham acesso a ele.

Para que os inegáveis direitos sejam conquistados, é necessário que o povo adquira engajamento classista e transformador. Só a consciência é capaz de pôr fim à exploração do homem pelo homem. Retomando Marx, é necessário que a classe trabalhadora se reconheça como tal, e se organize na luta contra o dominador que limita suas potencialidades.

A causa trabalhista deve ser guiada por princípios democráticos, que levarão à construção de uma nova sociedade. É imprescindível que os trabalhadores e trabalhadoras estejam unidos; afirmem sua independência e seu direito a lutar por dias melhores; sejam solidários e internacionalistas, éticos e anti-preconceituosos. Deve-se lutar pela emancipação das mulheres, dos negros e de todos os grupos sociais historicamente oprimidos. É preciso defender a educação, a cultura, o esporte, o lazer e todos os direitos humanos fundamentais, assim como o desenvolvimento econômico-social sustentável.

Um projeto tão amplo só pode ser conquistado com a superação do capitalismo e do neoliberalismo, com o fim domínio burguês. Para isso, é fundamental que nos mantenhamos firmes no ideal renovador, na luta diária pela edificação do socialismo. Dessa forma, já conquistamos a redução da jornada de trabalho, obtivemos férias, descanso semanal remunerado, 13º salário, aposentadoria e muitos outros benefícios. Os avanços devem continuar, para que cheguemos à verdadeira democracia.

“A CTB (Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil) nasceu animada pelo espírito desta luta classista que atravessa a história moderna, descrevendo uma epopéia de glórias, conquistas e avanços no sentido da humanização das relações sociais, libertação dos povos e combate ao colonialismo e neocolonialismo.”, diz o documento “Princípios e Objetivos da CTB”. É com esse ânimo e esse espírito de vanguarda que surge a CTB-GO, a mais nova sentinela em defesa dos trabalhadores goianos.

Paulo Victor Gomes é estudante de Jornalismo e Secretário Estadual de Combate ao Racismo da CTB-GO. (http://www.twitter.com/pvgomes65)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A sorte está lançada!

À margem da disputa de poder explícita, que vem ocorrendo na mídia (notadamente entre a Rede Globo e a TV Record), trato, hoje, de um tema correlato, porém maior: a 1ª Conferência Nacional de Comunicação (CONFECOM), convocada para os primeiros dias do dezembro próximo.

A convocação da 1ª CONFECOM foi resultado de anos de luta dos trabalhadores em comunicação, dos movimentos sociais e, sobretudo, dos cidadãos que sofrem com os absurdos cometidos pela mídia brasileira. Essa deverá ser, sem sombra de dúvidas, a mais importante dentre todas as conferências já realizadas pelo poder público em nosso país.


Além da democratização da produção e da difusão de informações, que por si só já é imprescindível, existe um fato ainda mais importante: o jogo de poder que será desencadeado pela realização desse evento. A própria consolidação do Estado Democrático de Direito está em questão.


A sociedade se organiza a partir das ações e dos pensamentos de seus indivíduos. Como vislumbrar uma nação com igualdade de direitos e oportunidades, quando apenas pequenos grupos conservadores difundem as notícias que servem de base para o povo formar sua opinião? Como esperar que haja transformação social, num país em que apenas os interesses dominadores de determinados “barões” definem o que pode ou não ser notícia?


O tema proposto para ser discutido pela CONFECOM já deixa claras as suas pretensões: “Meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital”. O contexto em que se insere essa temática gera mais uma questão fundamental: vive-se, hoje, um novo período histórico, já chamado por muitos de “a era da informação”.


As pessoas são, diuturnamente, bombardeadas por notícias, propagandas, sons e imagens vindas de todos os lugares. As novas tecnologias facilitam sobremaneira a rápida reprodução do conhecimento. Se esse sem número de idéias lançadas ao povo servirá como ferramenta de transformação ou manutenção do status quo, vai depender do grau de aprofundamento da democracia no sistema de comunicação e na própria sociedade.


A estrutura organizativa da mídia brasileira precisa ser bruscamente alterada para que ela cumpra seu papel fundamental. Não pode existir um palco no qual duas emissoras se digladiam na disputa por audiência, almejando receber cada vez mais verbas publicitárias. Informação é serviço de interesse social, não mera mercadoria. Por isso, os veículos devem pensar mais em satisfazer o público, e menos em obter lucros. O que o cidadão precisa é de pluralidade, produção regionalizada, não-tendenciosa, com objetivo de contribuir para o bem-estar social e para a democracia.


Os empresários, temerosos pelo resultado do debate, já começaram a mostrar suas garras, e tentarão deslegitimar a CONFECOM a todo custo. Já abriram mão do espaço reservado a eles na Comissão Organizadora, com a desculpa de que sua adesão aos princípios intrínsecos do setor empresarial estava sendo mal interpretada, pelos demais interlocutores da Comissão, como um obstáculo à realização do evento. Devemos ter cuidado para não cair nessa lorota e em outras armadilhas que serão lançadas.


Será necessário o empenho incondicional dos cidadãos que desejam que a CONFECOM siga em frente. Como disse Júlio César, às vésperas da iminente guerra civil que seria a última do Império Romano, “alea jacta est”, a sorte está lançada!


Artigo publicado no jornal "Diário da Manhã" no dia 18/08/09. (Página 24)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Coluna Arte: Artur Dias - Medo do nada

Caneta em punho
Na tarde escura
enegrecida pela chuva
Enquanto as águas
castigam as vidraças
espero, a procura
dos versos exatos

O papel branco
a minha frente
aguarda, impaciente
pela tinta impiedosa
que macula a sua
pureza alva e limpa
mas nada acontece

O que me falta
para inspirar os versos?
Amores vividos?
Aventuras, angústia
sofrimento, medo?
Nada me falta
Então porque a dúvida?

Faltaram paixões?
Faltou a vida
temerária e inquietante?
Faltou indignação,
revolta, revolução?
Nada disso passou
em branco por mim

De certo, pensei
falta-me talento
A cobiçada habilidade
de esculpir as estrofes,
de desenhar as rimas
e de fazer acrobacias,
malabarismos com palavras

Devo ser, então
estéril de sensibilidade
fleumático incorrigível
inabalável seriedade
a impedir a expressão
dos repentinos devaneios,
da infindável melancolia

Caneta em punho
Rabiscos indecifráveis
provam meu fracasso
e, enquanto a noite
vem, inclemente
escurece também
minha esperança

domingo, 22 de março de 2009

Os erros da "Operação Legalidade"


O Brasil é composto por três poderes distintos e autônomos entre si: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Como o nome diz, o Poder Legislativo deve elaborar leis, com a função de regular o Estado e satisfazer os interesses dos diversos grupos sociais, além de fiscalizar os demais poderes.

Outro preceito constitucional do nosso país, expresso no artigo 18º da Constituição Federal, é o da organização político-administrativa da República, que “[...] compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios, todos autônomos [...]”.
Mais adiante, no artigo 31º, está previsto que a fiscalização, nas cidades, deve ser exercida pelo Poder Legislativo municipal, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo do próprio município. No contexto da cidade de Goiânia, a Câmara dos Vereadores tem a função de reguladora e fiscalizadora da prefeitura. Além disso, pode-se concluir que a administração municipal, nos termos da constituição, tem autonomia com relação ao governo estadual.
Na ação que ficou conhecida como Operação Legalidade, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás determinou que a Polícia Militar fechasse estabelecimentos comerciais que desrespeitavam as normas de funcionamento estabelecidas pelo Legislativo da capital. Secretários iristas afirmam que Ernesto Roller não dialogou com o governo municipal. Não seria dever constitucional e até mesmo ético, de um órgão estadual, consultar o competente local antes de tomar alguma medida?
Atropelar prerrogativas, argumentando que obrigações não estão sendo cumpridas eficientemente, é um ato de arbitrariedade típico de regimes ditatoriais. Além disso, existem relatos de que a Polícia Militar agiu de forma violenta em certas situações. Acontecimento que, aliado aos casos de agressão por parte de PM’s a cidadãos goianienses nos últimos meses, faz lembrar a opressão generalizada dos anos de chumbo da ditadura.
Entrando no mérito da questão, é fundamental ressaltar que existem falhas na legislação que regula a manutenção dos estabelecimentos. Grande parte dos vereadores considera que a lei precisa ser flexibilizada. Assustei-me, esta semana, ao ler artigo que ao mesmo tempo em que afirma que errar é humano, não admite que haja revisão na referida lei municipal. Não seriam humanos os membros do Legislativo? Criar normas seria tarefa exclusiva de deuses infalíveis?
Ademais, é preconceituoso empurrar o ônus da criminalidade sobre as costas da população mais pobre. Se a lei está correta e deve ser cumprida, por que não fechar as inúmeras instituições de ensino privadas que não a cumprem? Violência não é simplesmente questão de polícia, é um problema essencialmente social. Ou se distribui melhor a renda, a educação e a cultura ou se aceita o alarmante avanço do crime.
Aumentar o número de desempregados, tirar a fonte de renda de milhares de cidadãos e forçá-los a desenvolver atividades que não são suas profissões não serve de nada a não ser para marketing pessoal de algumas autoridades pretensiosas.
As normas de direito para o funcionamento dos estabelecimentos devem ser alteradas. O governo do Estado precisa respeitar a autonomia da prefeitura. A Polícia Militar tem que evitar os excessos cometidos. Enquanto isso, medidas devem ser tomadas para que os comerciantes não sofram as penas da morosidade do Estado.
[Artigo publicado no jornal "Diário da Manhã" (http://www.dm.com.br/) do dia 22/03/2009]

segunda-feira, 9 de março de 2009

O Jornalismo e a “lógica do capital"


Nas salas de aula dos cursos de jornalismo, muito se fala em “objetividade jornalística”, em “imparcialidade”, em isenção da opinião do profissional na elaboração das notícias. Até admite-se que o jornalista, como ser humano, não pode privar-se da prerrogativa de subjetividade na absorção e exteriorização de suas impressões, mas o que pouco se discute é o motivo maior do caráter opinativo implícito nos textos noticiosos.

Nenhum jornalista pode ser totalmente neutro, pois por mais que tente sê-lo, está sempre atuando em um meio com opinião definida. O posicionamento político-ideológico dos veículos de comunicação, eufemisticamente chamado de linha editorial, advém de um desequilíbrio estrutural na relação dialética que fundamenta a profissão.

Em primeiro lugar, existe a dimensão social do jornalismo, chamada pelo professor Edson Spenthof (UFG), de “dimensão comunicativo-discursiva”. É inegável que em nossa sociedade a falta de informação, ou o excesso de informações equivocadas, provoca sérias distorções na compreensão que as pessoas têm do processo de organização política do Estado. Quando os indivíduos não compreendem a sociedade, é certo que atuarão nela de maneira equivocada. Sendo assim, a Comunicação Social, como instrumento informador, exerce um papel imprescindível para o bem-estar social.

Porém, há ainda, a dimensão comercial do jornalismo. Não há como propagar informações sem um meio próprio para tal fim. Surge então, a necessidade da criação dos jornais, revistas, emissoras de TV, de rádio e portais de internet. A existência destes veículos, na sociedade capitalista, depende da sua constituição como empresas. É impossível manter um meio de comunicação sem que haja investimento financeiro. Tanto é, que o professor Spenthof, batiza esta característica de “dimensão estratégico-instrumental” do jornalismo. A partir dessa perspectiva, a notícia torna-se uma mercadoria a ser vendida ao público.

Essa relação bidimensional, em teoria, não deve ser conflitante, pois a convivência entre elas pode, sem a menor dúvida, ser interdependente. Para que um jornal venda, é preciso passar informação de qualidade. Para que a informação seja útil à sociedade, é preciso ser vendida. Por um lado, seria valorizada a responsabilidade social do comunicador, por outro, as necessidades existenciais da profissão.

Porém, na prática, há um desequilíbrio brutal entre os dois lados da balança. É comum em nossa época, a supervalorização do caráter mercantil dos fatos em detrimento da ética profissional. As empresas de comunicação, com raríssimas exceções, se submetem à lógica do mercado, aos interesses dos patrocinadores e às opiniões dos empresários, com objetivo claro de obter o lucro. A própria escolha do que vem ou não a ser notícia, segue os ditames dos interesses do capital.

Diante de tal paradigma, brotam duas opções para o público. Exigir de forma fervorosa o equilíbrio dialético da mídia para que se aumente a proximidade com a objetividade jornalística; ou aceitar que todo jornal (impresso, televisivo, radiofônico ou on-line), por mais democrático que seja, representa uma posição ideológica, e, a partir dessa compreensão, buscar variadas fontes de informação com linhas editoriais diferentes. O mais aconselhável é ler, ouvir e assistir o máximo de notícias possível, e estudar muito para não ser enganado pelos mentirosos de plantão.
[Artigo publicado no jornal Diário da Manha (http://www.dm.com.br/) do dia 08/03/2009]

sexta-feira, 6 de março de 2009

Coluna Arte: Paulo Victor Gomes - A Alma do Mundo

Tu que pensas que poesia nada é,
Grande pecado cometes possuindo tão pouca fé.
Poesia é nada menos que a alma do mundo,
A tradução do sentimento mais profundo.

Cala-te e ouves meus versos ecoarem,
Contemple os sentimentos em tua alma penetrarem,
Deixe que a poesia aqueça tua fria vida,
E dê alegria quando esta for perdida.

Então entenderás porque o poeta sorria,
Porque ele trabalhava todos os dias
Sem certeza de um bom salário.

Aí está a veradeira alegria:
O mundo está impresso em livros de poesia,
E não em extratos bancários!

[Poesia publicado no Portal Vermelho (http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=51569) no dia 27/02/2009]

Democracia é a vontade do povo!


Recentemente, o presidente Hugo Chávez obteve sua 14ª vitória eleitoral em dez anos de governo. Refiro-me à aprovação popular (via referendo) da emenda constitucional que permite a reeleição ilimitada dos representantes políticos. Conservadores de plantão não perderam tempo em alardear que isso fará com que Chávez se perpetue no poder por quanto tempo quiser como um ditador.


Alguns insinuaram que o pleito foi fraudado e que a oposição “quase” venceu o referendo. A Folha de São Paulo chegou a dizer que “o rolo compressor do bonapartismo chavista destruiu mais um pilar do sistema de pesos e contrapesos que caracteriza a democracia.” Qual conceito democrático norteia o pensamento dessa elite burguesa?


A democracia repousa sobre dois princípios básicos: o da soberania popular, que se exprime pela regra de que todo poder emana do povo, e o da participação popular, seja ela direta (via plebiscito, referendo, etc) ou indireta (via sufrágio universal). Destes conceitos, podem surgir duas formas distintas de democracia: I) participativa - quando os cidadãos agem diretamente na tomada das decisões da nação; II) representativa - na qual a população se contenta em eleger representantes que definem sozinhos o que fazer com o poder. Não há dúvidas de que a primeira é a mais legítima.


A partir da vitória do “sim” no já citado referendo, qualquer representante, legislativo ou executivo, pode se reeleger quantas vezes conseguir. Ou seja, não significa que Hugo Chávez vá ficar “eternamente” no poder, e sim que ele (bem como os cinco governadores e diversos parlamentares da oposição) pode ser reeleito por quantas vezes o povo desejar. Pura expressão da democracia participativa.


A única atitude antidemocrática no caso da vitória chavista foi a cobertura que a mídia venezuelana realizou no processo eleitoral. Pesquisa realizada pelo Observatório Mundial da Mídia constatou que 71% das notícias veiculadas favoreciam ao “não” e que 77 de cada 100 artigos publicados eram contra a emenda aprovada. Se houve tentativa de manipulação do resultado foi por parte da elite conservadora.


Até mesmo Barack Obama, presidente da nação já “inimiga” de Chávez, elogiou o processo de consulta popular democrática. A própria oposição direitista e neoliberal reconheceu a derrota como legítima. Mesmo assim, alguns cães raivosos ainda continuam a ladrar contra a democracia bolivariana da Venezuela...


Segundo o jornalista Altamiro Borges, a reeleição ilimitada é reconhecida por 17 dos 27 países da União Europeia. Tage Fritiof foi primeiro-ministro da Suécia por 23 anos seguidos. Alguém se recorda de alguma polêmica quanto a isso? A democracia nestes 17 países europeus foi considerada deteriorada?


Não. Pois em nenhum desses casos os privilégios das minorias burguesas e latifundiárias foram atacados. Nenhum destes líderes europeus defendeu os interesses das massas em detrimento da manutenção dos oligopólios históricos.


Hoje, na Venezuela, pessoas discutem política nas ruas, estão interessadas nos rumos da nação. O país é “governado e administrado por poderes legítimos, submissos à lei e obedientes aos princípios democráticos fundamentais”. O povo brasileiro deveria seguir o exemplo e batalhar para viver numa sociedade livre, justa e igualitária.
[Artigo publicado no jornal Diário da Manha (http://www.dm.com.br/) do dia 28/02/2009]

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Coluna Arte: Paulo Victor Gomes - Soneto da angústia

Ilustração: David Alfaro Siqueiros - Angústia (A mãe do artista)

Soneto da angústia

Vejo o mundo com olhos torturantes.
Busco uma razão para seguir adiante,
Mas nada enxergo além de trevas profundas,
Nada há senão hipocrisia e futilidade imunda!


Assustado, fecho os olhos com temor.
Busco dentro de mim talvez amor,
Mas sou tão vil quantos todo o resto.
Desmotivado, nem sequer me contesto.


E então, que será agora?
Existe algo lá fora
Capaz de me alienar?


Quero algo que me faça utópico,
Um pouco menos melancólico,
Esperando uma vida melhor...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Coluna Arte: Maiakóvski - O poeta operário



Grita-se ao poeta:
"Queria te ver numa fábrica!
O que? versos? Pura bobagem!
Para trabalhar não tens coragem".
Talvez
ninguém como nós
ponha tanto coração
no trabalho.
Eu sou uma fábrica.
E se chaminés
me faltam
talvez
sem chaminés
seja preciso
ainda mais coragem.
Sei.
Frases vazias não agradam.
Quando serrais madeira
é para fazer lenha.
E nós que somos
senão entalhadores a esculpir
a tora da cabeça humana?
Certamente que a pesca
é coisa respeitável.
Atira-se a rede e quem sabe?
Pega-se um esturjão!
Mas o trabalho do poeta
é muito mais difícil.
Pescamos gente viva e não peixes.
Penoso é trabalhar nos altos-fornos
onde se tempera o ferro em brasa.
Mas pode alguém
acusar-nos de ociosos?
Nós polimos as almas
com a lixa do verso.
Quem vale mais:
o poeta ou o técnico
que produz comodidades?
Ambos!
Os corações também são motores.
A alma é poderosa força motriz.
Somos iguais.
Camaradas dentro da massa operária.
Proletários do corpo e do espírito.
Somente unidos,
somente juntos, remoçaremos o mundo,
fá-lo-emos marchar num ritmo célere.
Diante da vaga de palavras
levantemos um dique!
Mãos à obra!
O trabalho é vivo e novo!
Com os oradores vazios, fora!
Moinho com eles!
Com a água de seus discursos
que façam mover-se a mó!"


(Tradução: E. CARRERA GUERRA)